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Auxiliar de Memória de Acontecimentos do Mundo onde Vivemos

Bom Senso "É conservar uma Atitude Harmonizada em momentos decisão..., conflito..., possuir a capacidade de evitar a prática de acções ou actos impensados no intuito de posteriormente não se sentir embaraço, arrependimento..." Bomsenso

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Auxiliar de Memória de Acontecimentos do Mundo onde Vivemos

25
Abr10

25 Abril - (continuação do post anterior)

bomsensoamiguinhos

Arquivo: 25 de Abril de 2009

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http://bomsensoamiguinhos.blogs.sapo.pt/187780.html



 

25 de Abril

continuação

 

Portugal - Lisboa - 1974

 

O 25 de Abril - 12:00 e 23:30


12:00
Uma força do Regimento de Infantaria 1 tenta impedir o acesso da coluna da EPC ao Quartel do Carmo, mas Salgueiro Maia convence-os a juntarem-se às suas tropas.

 

Salgueiro Maia atinge o Largo do Carmo e manda ocupar as ruas envolventes e cerca o quartel.

Salgueiro Maia atinge o Largo do Carmo, manda ocupar as ruas envolventes e cerca o quartel.

Foto: Alfredo Cunha
Legenda: Adelino Gomes, O dia 25 de Abril de 1974, 76 Fotografias e Um Retrato

 

Salgueiro Maia e o Tenente Santos Silva conversam com o Major Velasco da GNR, acompanhados dos homens das transmissões, no Largo do Carmo.

 

Salgueiro Maia e o Tenente Santos Silva conversam com o Major Velasco (militar de cabeça descoberta) da GNR, acompanhados dos homens das transmissões, no Largo do Carmo.

Foto: Alfredo Cunha
Legenda: Adelino Gomes, O dia 25 de Abril de 1974, 76 Fotografias e Um Retrato


12:15
A coluna da EPC, comandada por Salgueiro Maia, chega ao Chiado pela Rua do Carmo, envolvida por uma multidão de apoiantes civis.

 

Capa do jornal A Capital do dia 25 de Abril de 1974

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Capa do jornal A Capital do dia 25 de Abril de 1974

 

A confiança expressa desde a primeira hora pela multidão transmite-se aos soldados do Alferes Marcelino, Comandante do 1.º pelotão de atiradores.

 

A confiança expressa desde a primeira hora pela multidão transmite-se aos soldados do Alferes Marcelino, Comandante do 1.º pelotão de atiradores.

Foto: Alfredo Cunha
Legenda: Adelino Gomes, O dia 25 de Abril de 1974, 76 Fotografias e Um Retrato


12:30


As forças de Salgueiro Maia cercam o Largo do Carmo e recebem ordens do Posto de Comando para abrir fogo sobre o Quartel da GNR, para obter a rendição de Marcelo Caetano.

 

O dispositivo militar instala-se no Largo do Carmo.

 

O dispositivo instala-se no Largo do Carmo. 

Foto: Alfredo Cunha
Legenda: Adelino Gomes, O dia 25 de Abril de 1974, 76 Fotografias e Um Retrato

 


12:45
A população distribui comida, leite e cigarros pelos militares presentes no Largo do Carmo. Forças da GNR tomam posição na retaguarda das tropas de Salgueiro Maia, em defesa do regime.


13:00
O Brigadeiro Junqueira dos Reis tenta cercar as forças de Salgueiro Maia com a ajuda da GNR, da Polícia de Choque e uma companhia do RI 1. Forças do RC 3 chegam à ponte sobre o Tejo e dirigem-se ao Largo do Carmo. É transmitido novo comunicado do MFA.

 

 

Comunicado do MFA do dia 25 de Abril de 1974 às 13:00h

 

 

O Movimento das Forças Armadas informa as famílias de todos os seus elementos que eles se encontram bem e que tudo decorre dentro do previsto.


13:30
Um helicanhão sobrevoa o Largo do Carmo, provocando ansiedade entre militares e civis.


13:40


Forças do MFA ocupam a sede da Legião Portuguesa.


14:00


A companhia do Regimento de Infantaria 1 que apoiava Junqueira dos Reis, passa-se para o lado de Salgueiro Maia. Iniciam-se as conversações entre o General Spínola e Marcelo Caetano, para a obtenção da rendição do Presidente do Conselho, através de intermediários.

 

Capa do jornal Diário de Notícias do dia 25 de Abril de 1974

 

Capa do Diário de Notíciasdo dia 25 de Abril de 1974

 


14:30
Transmissão novo comunicado do MFA, informando que estavam ocupados os principais objectivos. O esquadrão do RC 3, comandado pelo Capitão Ferreira, cerca as tropas do Brigadeiro Junqueira dos Reis.

 

 

Transmissão de um comunicado do MFA emitido às 14:30 pelo Posto de Comando

 

Comunicado do MFA do dia 25 de Abril de 1974 às 14:30h

 

 

Aqui Posto de Comando do Movimento das Forças Armadas.

Pretendendo continuar a informar o País sobre o desenrolar dos acontecimentos históricos que se estão processando, o Movimento das Forças Armadas comunica que as operações iniciadas na madrugada de hoje se desenrolam de acordo com as previsões, encontrando-se dominados vários objectivos importantes de entre os quais de citam os seguintes:

- Comando da Legião Portuguesa
- Emissora nacional
- Rádio Clube Português
- Radiotelevisão Portuguesa
- Rádio Marconi
- Banco de Portugal
- Quartel-General da Região Militar de Lisboa
- Quartel-General da Região Militar do Porto
- Instalações do Quartel-Mestre-General
- Ministério do Exército, donde o respectivo Ministro se pôs em fuga
- Aeroporto da Portela
- Aeródromo Base n.º 1
- Manutenção Militar
- Forte de Peniche

S. Ex.ª o Almirante Américo Tomás, S. Ex.ª o Prof. Marcelo Caetano e os membros do Governo encontram-se cercados por forças do Movimento no quartel da Guarda Nacional Republicana, no Carmo, e no Regimento de Lanceiros 2 tendo já sido apresentado um ultimato para a sua rendição.

O Movimento domina a situação em todo o País e recomenda, uma vez mais, a toda a população que se mantenha calma. Renova-se, também, a indicação já difundida para encerramento imediato dos estabelecimentos comerciais, por forma a não ser forçoso decretar o recolher obrigatório.
Viva Portugal!

 

15:00
Por ordem do Posto de Comando, Salgueiro Maia pega num megafone e faz um ultimato à GNR para que se renda, ameaçando rebentar com os portões do Quartel do Carmo.

 

É transmitido novo comunicado do MFA.

 

Salgueiro Maia pega num megafone e dá ordens à GNR para que se renda, ameaçando com fogo sobre os portões do Quartel do Carmo.

 

Salgueiro Maia pega num megafone e dá ordens à GNR para que se renda, ameaçando com fogo sobre os portões do Quartel do Carmo.

Foto: Alfredo Cunha Legenda: Adelino Gomes, O dia 25 de Abril de 1974, 76 Fotografias e Um Retrato.

 

 

 

 

 

Transmissão de um comunicado do MFA emitido às 15:00 pelo Posto de Comando

 

Comunicado do MFA do dia 25 de Abril de 1974 às 15:00h

 

O Movimento das Forças Armadas, tendo conhecimento de que elementos da Guarda Nacional Republicana se fazem passar por elementos amigos avisa de que tais elementos são adversos, pelo que aconselha a população a abandonar o Largo do Carmo e o Rossio.

 


15:15
Forças da EPA recebem ordens para libertar os militares presos no Forte da Trafaria, na sequência do 16 de Março.

 

A saída em falso do Reg. das Caldas da Rainha a 16 de Março de 1974, como reacção à demissão de Costa Gomes e de Spínola, constituiu o ensaio militar do dia 25 de Abril.

 

A saída em falso do Regimento das Caldas da Rainha a 16 de Março de 1974, como reacção à demissão de Costa Gomes e de Spínola, constituiu o ensaio militar do dia 25 de Abril de 1974. 

Fonte: Fundação Mário Soares

 


15:30
Disparos sobre a fachada do Quartel do Carmo, por ordem de Salgueiro Maia, o que obriga ao reinício das conversações para a rendição de Marcelo Caetano.

 

Disparos sobre a fachada do Quartel do Carmo, sob as ordens de Salgueiro Maia, obriga a população a refugiar-se.

 

Disparos sobre a fachada do Quartel do Carmo, sob as ordens de Salgueiro Maia, obriga a população a refugiar-se.

Foto: Alfredo Cunha


16:15
Elementos da PIDE/DGS abrem fogo sobre a multidão que cerca a sua sede, na rua António Maria Cardoso, provocando um morto e vários feridos.

Rua António Maria Cardoso, onde se situa a sede da PIDE/DGS.

 

Rua António Maria Cardoso, onde se situa a sede da PIDE/DGS.

Foto: Alfredo Cunha
Legenda: Adelino Gomes, O dia 25 de Abril de 1974, 76 Fotografias e Um Retrato

 

Forças de cavalaria, de infantaria e da marinha ocupam as entradas da rua António Maria Cardoso, onde se situa a sede da PIDE/DGS.

 

Forças de cavalaria, de infantaria e da marinha ocupam as entradas da rua António Maria Cardoso, onde se situa a sede da PIDE/DGS.

Foto: Alfredo Cunha
Legenda: Adelino Gomes, O dia 25 de Abril de 1974, 76 Fotografias e Um Retrato


16:25
Em consequência da não evolução das negociações para a rendição de Marcelo Caetano, Salgueiro Maia coloca um blindado frente ao Quartel e inicia a contagem para abrir fogo, quando é interrompido por Pedro Feytor-Pinto e Nuno Távora, da Secretaria de Estado da Informação e Turismo, que se dizem portadores de uma mensagem do General Spínola para Marcelo Caetano. Salgueiro Maia autoriza a entrada no Quartel desses dois mensageiros.

 

Cartoon de Augusto Cid, no jornal República do dia 27 de Abril de 1974

Cartoon de Augusto Cid, no jornal República do dia 27 de Abril de 1974


16:30
Contactos telefónicos entre o Spínola, Marcelo Caetano e o Posto de Comando do MFA.

 

17:00


Salgueiro Maia entra no Quartel do Carmo e exige a rendição a Marcelo Caetano, que lhe responde que só se renderia a um Oficial-General para que o Poder não caísse na rua. O Posto de Comando mandata o General Spínola para ir receber a rendição de Marcelo Caetano ao Quartel do Carmo.

 

Os militares experimentam cada vez mais dificuldades para conterem a multidão que aguarda o carro em que se transporta o General Spínola.

 

 

Os militares experimentam cada vez mais dificuldades para conterem a multidão que aguarda o carro em que se transporta o General Spínola.

Foto: Alfredo Cunha
Legenda: Adelino Gomes, O dia 25 de Abril de 1974, 76 Fotografias e Um Retrato

 

17:30


Transmissão de outro comunicado do MFA.

 

Comunicado do MFA do dia 25 de Abril de 1974 às 17:30h

 

"O Movimento das Forças Armadas tem ocupados os estúdios da RTP em Lisboa e no Porto, embora no centro emissor de Monsanto se registe uma interferência provocada por forças da reacção que, a todo o momento, serão dominadas.


Logo de seguida, a Radiotelevisão Portuguesa entrará ao serviço do Movimento das Forças Armadas e do País, noticiando os seus comunicados."

 

18:00


Spínola chega ao Largo do Carmo e, acompanhado por Salgueiro Maia, entra no Quartel para dialogar com Marcelo Caetano.


Spínola chega ao Largo do Carmo completamente rodeado pela população em euforia.

 

Spínola chega ao Largo do Carmo completamente rodeado pela população em euforia.

Foto: Alfredo Cunha

 

18:20
Transmissão de novo comunicado do MFA.

Comunicado do MFA do dia 25 de Abril de 1974 às 18:20h

 

"Aqui Posto de Comando do Movimento das Forças Armadas.
Em aditamento ao último comunicado, o Movimento das Forças Armadas informa a Nação de que conseguiu forçar a entrada no Quartel da Guarda Nacional Republicana, situado no Largo do Carmo, onde se encontrava o ex-Presidente do Conselho e outros membros do seu ex-Governo.

O Regimento de Lanceiros 2, onde se recolheram outros elementos do seu ex-Governo, entregou-se ao Movimento das Forças Armadas, sem que houvesse necessidade do emprego da força que os cercava.

A quase totalidade da Guarda Nacional Republicana, incluindo o seu comando e a maioria dos elementos da Polícia de Segurança Pública, já se renderam ao Movimento das Forças Armadas.
O MFA agradece à população civil todo o carinho e apoio que tem prestado aos seus soldados, insistindo na necessidade de ser mantido o seu valor cívico ao mais alto grau. Solicita também que se mantenha nas suas residências durante a noite, a fim de não perturbar a consolidação das operações em curso, prevendo-se que possa retomar as suas actividades normais amanhã, dia 26.

Viva Portugal!"


18:30
A Chaimite Bula entra no Quartel do Carmo para transportar Marcelo Caetano à Pontinha.

 

Reportagem sobre a entrada da chaimite Bula no Quartel do Carmo

Aceite a rendição de Marcelo Caetano, iniciam-se os preparativos para o transporte até à Pontinha do chefe do Governo e respectivos ministros, que abandonam o local num blindado.

 

Aceite a rendição de Marcelo Caetano, abrem-se os portões do quartel do Carmo e iniciam-se os preparativos para o transporte até à Pontinha do chefe do Governo e respectivos ministros, que abandonam o local num blindado Chaimite de nome Bula.

Foto: Alfredo Cunha
Legenda: Adelino Gomes, O dia 25 de Abril de 1974, 76 Fotografias e Um Retrato

 

18:40
Declaração do MFA na RTP.

 

18:45
Decreto-Lei 171/74: extinção da PIDE/DGS, Legião Portuguesa e Mocidade Portuguesa.

Extinção da Direcção-Geral de Segurança, da Legião Portuguesa e da Mocidade Portuguesa (Dec.-Lei 171/74 de 25 de Abril)

 

"Tendo a Junta de Salvação Nacional assumido os poderes legislativos que competem ao Governo, decreta, para valer como lei, o seguinte:

ARTIGO 1º
1. É extinta a Direcção-Geral de Segurança, criada pelo Decreto-Lei n.º 49 401, de 24 de Novembro de 1969.
2. No ultramar, depois de saneada, reorganizar-se-à em Polícia de Informação Militar, nas províncias em que as operações Militares o exigirem.

ARTIGO 2º
É extinta a Legião Portuguesa, criada pelo Decreto-Lei n.º 27 058, de 30 de Setembro de 1936.

ARTIGO 3º
São extintas a Mocidade Portuguesa e a Mocidade Portuguesa Feminina, criadas pela Lei n. 1941, de 11 de Abril de 1936, actualizada pelo Decreto-Lei n. 486/71, de 8 de Novembro.

ARTIGO 4º
É extinto o Secretariado para a Juventude, criado pelo Decreto-Lei n.º 446/71, de 25 de Outubro.

ARTIGO 5º
Ficarão na dependência das Forças Armadas e à sua custódia todo o material mecânico, veículos, armamento e munições, mobiliário, livros, papéis de escrituração, documentos e demais elementos afectos à extinta Direcção-Geral de Segurança.

ARTIGO 6º
Passam a ser atribuições da Polícia Judiciária as seguintes:
a) Efectuar a investigação dos crimes contra a segurança interior e exterior do Estado, procedendo a instrução preparatória dos respectivos processos;
b) Realizar a instrução preparatória relativamente às informações do regime legal de passagem das fronteiras e de entrada e permanência de estrangeiros em território nacional.

ARTIGO 7º
Enquanto não for criado serviço próprio, passa a ser atribuição da Guarda Fiscal vigiar e fiscalizar as fronteiras terrestres, marítimas e aéreas.

ARTIGO 8º
Este diploma entra imediatamente em vigor.

Visto e aprovado pela Junta de Salvação Nacional em 25 de Abril de 1974 Publique-se.
O Presidente da Junta de Salvação Nacional, António de Spínola.

Para ser publicado em todos os Boletins Oficiais dos Estados e províncias ultramarinos."

 

Destituição dos Dirigentes Fascistas (Lei 1/74 de 25 de Abril)

 

"O programa do Movimento das Forças Armadas Portuguesas prevê a destituição imediata do Presidente da República e do actual Governo, a dissolução da Assembleia Nacional e do Conselho de Estado.
Nestes termos, a Junta de Salvação Nacional decreta, para valer como lei constitucional, o seguinte:

ARTIGO 1º
1. É destituído das funções de Presidente da Republica o almirante Américo Deus Rodrigues Tomás.
2. São exonerados das suas funções o Presidente do Conselho, Prof. Doutor Marcelo José das Neves Alves Caetano, e os Ministros, Secretários e Subsecretários de Estado do seu Gabinete.
3. A Assembleia Nacional e o Conselho de Estado são dissolvidos.

ARTIGO 2º
Os poderes atribuído aos órgãos referidos no artigo anterior passam a ser exercidos pela Junta de Salvação Nacional.

ARTIGO 3º
Este diploma entra imediatamente em vigor. 

Visto e aprovado pela Junta de Salvação Nacional em 25 de Abril de 1974. Publique-se.
O Presidente da Junta de Salvação Nacional, António de Spínola.

Para ser publicada em todos os Boletins Oficiais dos Estados e províncias ultramarinos."

 

Cartoon de C. Brito, no jornal República do dia 10 de Maio de 1974

 

Cartoon de C. Brito,
no jornal República
do dia 10 de Maio de 1974

 

 

19:00
Marcelo Caetano e os ministros Rui Patrício e Moreira Baptista entram na Chaimite Bula.

Aceite a rendição de Marcelo Caetano, abrem-se os portões do quartel do Carmo e iniciam-se os preparativos para o transporte até à Pontinha do chefe do Governo e dos ministros, que abandonam o local num Chaimite de nome Bula.

 

Aceite a rendição de Marcelo Caetano, abrem-se os portões do quartel do Carmo e iniciam-se os preparativos para o transporte até à Pontinha do chefe do Governo e respectivos ministros, que abandonam o local num blindado Chaimite de nome Bula.

Foto: Alfredo Cunha
Legenda: Adelino Gomes, O dia 25 de Abril de 1974, 76 Fotografias e Um Retrato

 

19:30
Salgueiro Maia levanta o cerco ao Largo do Carmo e conduz Marcelo Caetano e os ministros ao Posto de Comando, na Chaimite Bula, literalmente envolvida por uma enorme multidão que grita "Vitória! Vitória! Vitória!". A população manifesta-se nas ruas de Lisboa, durante o percurso da “Bula” até ao Posto de Comando e, cerca de 20 minutos depois é emitido novo comunicado do MFA.

Aceite a rendição de Marcelo Caetano, iniciam-se os preparativos para o transporte do chefe do Governo e respectivos ministros. Um coro gigantesco de assobios e palavras de ordem acompanham a saída da coluna de passageiros.

 

Aceite a rendição de Marcelo Caetano, abrem-se os portões do quartel do Carmo e iniciam-se os preparativos para o transporte até à Pontinha do chefe do Governo e respectivos ministros. Um coro gigantesco de assobios e palavras de ordem antifascistas acompanham a saída da coluna de passageiros.

Foto: Alfredo Cunha
Legenda: Adelino Gomes, O dia 25 de Abril de 1974, 76 Fotografias e Um Retrato

 

Capa do jornal República do dia 25 de Abril de 1974

 

Capa do República do dia 25 de Abril de 1974

Comunicado do MFA do dia 25 de Abril de 1974 às 19:50h

"Aqui Posto de Comando do Movimento das Forças Armadas.


Continuando a dar cumprimento à sua obrigação de manter o País ao corrente do desenrolar dos acontecimentos, o Movimento das Forças Armadas informa que se concretizou a queda do Governo, tendo Sua Ex.ª o Prof. Marcelo Caetano apresentado a sua rendição incondicional a Sua Ex.ª o General António de Spínola.


O ex-presidente do conselho, o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros e o ex-ministro do Interior encontram-se sob custódia do Movimento, enquanto Sua Ex.ª o Almirante Américo Tomás e alguns ex-ministros do Governo se encontram refugiados em dois aquartelamentos que estão cercados pelas nossas tropas e cuja rendição se aguarda para breve.


O Movimento das Forças Armadas agradece a toda a população o civismo e a colaboração demonstrados de maneira inequívoca desde o início dos acontecimentos, prova evidente de que ele era o intérprete do pensamento e dos anseios nacionais.


Continua a recomendar-se a maior calma e a estrita obediência a todas as indicações que forem transmitidas. Espera-se que amanhã a vida possa retomar o seu ritmo normal, por forma a que todos, em perfeita união, consigamos construir um futuro melhor para o País.


Viva Portugal!"

 

Reportagem sobre a saída do Professor Marcelo Caetano do Quartel do Carmo e entrega do poder ao General Spínola

 

 

20:00
Transmissão da Proclamação do MFA através do RCP.

Proclamação do MFA, distribuído à Imprensa no dia 25 de Abril de 1974

 

Considerando que ao fim de 13 anos de luta em terras do Ultramar, o sistema político vigente não conseguiu definir, concreta e objectivamente, uma política ultramarina que conduza à Paz entre os Portugueses de todas as raças e credos;

Considerando o crescente clima de total afastamento dos Portugueses em relação às responsabilidades políticas que lhes cabem com cidadãos, em crescente desenvolvimento de uma tutela de que resulta constante apelo a deveres com paralela denegação de direitos;

Considerando a necessidade de sanear as instituições, eliminando do nosso sistema de vida todas as ilegitimidades que o abuso do Poder tem vindo a legalizar;

Considerando, finalmente, que o dever das Forças Armadas é a defesa do País, como tal se entendendo também a liberdade cívica dos seus cidadãos;

O Movimento das Forças Armadas, que acaba de cumprir com êxito a mais importante das missões cívicas dos últimos anos da nossa História, proclama à Nação a sua intenção de levar a cabo, até à sua completa realização, um programa de salvação do País e da restituição ao Povo Português das liberdades cívicas de que tem sido privado.
Para o efeito entrega o Governo a uma Junta de Salvação Nacional a quem exige o compromisso, de acordo com as linhas gerais do programa do Movimento das Forças Armadas que, através dos órgãos informativos será dado a conhecer à Nação, de no mais curto prazo consentido pela necessidade de adequação das nossas estruturas, promover eleições gerais de uma Assembleia Nacional Constituinte, cujos poderes por sua representatividade e liberdade na eleição, permitam ao País escolher livremente a sua forma de vida social e política.

Certos de que a Nação está connosco e que, atentos aos fins que nos presidem, aceitará de bom grado o Governo militar que terá de vigorar nesta fase de transição, o Movimento das Forças Armadas apela para a calma e civismo de todos os portugueses e espera do País adesão aos poderes instituídos em seu benefício.

Saberemos, deste modo, honrar o passado no respeito pelos compromissos assumidos perante o País e por este perante terceiros. E ficamos na plena consciência de haver cumprido o dever sagrado da restituição à Nação dos seus legítimos e legais poderes.

 

Reportagem sobre a Proclamção do MFA


21:00


A Chaimite Bula chega ao Posto de Comando com Marcelo Caetano e os dois ministros, que ali ficam detidos até ao dia seguinte.


Elementos da PIDE/DGS disparam sobre a população que cerca a sua sede, causando 4 mortos e 45 feridos. Forças da Marinha juntam-se ao MFA, alcançando a rendição da PIDE/DGS.


Comunicado do MFA do dia 25 de Abril de 1974 às 21:00h

 

Aqui Posto de Comando do Movimento das Forças Armadas.
Segundo comunicação telefónica aqui recebida cerca das 20.30h, ter-se-iam verificado incidentes na Rua António Maria Cardoso, onde se situa a sede da DGS.
No decorrer desses incidentes, foram feridas algumas pessoas, encontrando-se já no local assistência médica. Aguarda-se a todo o momento a intervenção das Forças Armadas. Estes incidentes vêm uma vez mais confirmar a necessidade de a população civil cumprir o pedido formulado pelo MFA, recolhendo às suas residências e mantendo a calma.

 

Forças de cavalaria, de infantaria e da marinha ocupam as entradas da rua António Maria Cardoso, onde se situa a sede da PIDE/DGS.

 

Forças de cavalaria, de infantaria e da marinha ocupam as entradas da rua António Maria Cardoso, onde se situa a sede da PIDE/DGS.

Foto: Alfredo Cunha
Legenda: Adelino Gomes, O dia 25 de Abril de 1974, 76 Fotografias e Um Retrato

 

22:00


Forças de paraquedistas chegam à prisão de Caxias, onde a PIDE/DGS ainda resiste. É transmitido novo comunicado do MFA.

 

Comunicado do MFA do dia 25 de Abril de 1974 às 22:00h

 

Para conhecimento de toda a população informa-se que se encontram sanados os incidentes ocorridos com a Polícia de Segurança Pública e que, a partir deste momento, ela aderiu totalmente ao Movimento. 
Assim, com a finalidade de manter a ordem e salvaguardar as vidas e os bens, pede-se a todos que aceitem, obediente e prontamente, quaisquer indicações que lhes sejam transmitidas por elementos daquela corporação ou da Polícia Militar. Igualmente deverão ser obedecidos os agentes das Brigadas de Trânsito. Torna-se indispensável que a população continue a manifestar a sua compreensão e civismo. E a melhor forma de o fazer no momento é manter-se calmamente nas suas residências.

23:30


São promulgadas a destituição dos dirigentes fascistas (através da Lei 1/74) e a extinção da PIDE/DGS, da Legião Portuguesa e da Mocidade Portuguesa.

Destituição dos Dirigentes Fascistas (Lei 1/74 de 25 de Abril)

 

"O programa do Movimento das Forças Armadas Portuguesas prevê a destituição imediata do Presidente da República e do actual Governo, a dissolução da Assembleia Nacional e do Conselho de Estado.
Nestes termos, a Junta de Salvação Nacional decreta, para valer como lei constitucional, o seguinte:

ARTIGO 1º
1. É destituído das funções de Presidente da Republica o almirante Américo Deus Rodrigues Tomás.
2. São exonerados das suas funções o Presidente do Conselho, Prof. Doutor Marcelo José das Neves Alves Caetano, e os Ministros, Secretários e Subsecretários de Estado do seu Gabinete.
3. A Assembleia Nacional e o Conselho de Estado são dissolvidos.

ARTIGO 2º
Os poderes atribuído aos órgãos referidos no artigo anterior passam a ser exercidos pela Junta de Salvação Nacional.

ARTIGO 3º
Este diploma entra imediatamente em vigor. 

Visto e aprovado pela Junta de Salvação Nacional em 25 de Abril de 1974. Publique-se.
O Presidente da Junta de Salvação Nacional, António de Spínola.

Para ser publicada em todos os Boletins Oficiais dos Estados e províncias ultramarinos."

 

 

Extinção da Direcção-Geral de Segurança, da Legião Portuguesa e da Mocidade Portuguesa (Dec.-Lei 171/74 de 25 de Abril)

 

"Tendo a Junta de Salvação Nacional assumido os poderes legislativos que competem ao Governo, decreta, para valer como lei, o seguinte:

ARTIGO 1º
1. É extinta a Direcção-Geral de Segurança, criada pelo Decreto-Lei n.º 49 401, de 24 de Novembro de 1969.
2. No ultramar, depois de saneada, reorganizar-se-à em Polícia de Informação Militar, nas províncias em que as operações Militares o exigirem.

ARTIGO 2º
É extinta a Legião Portuguesa, criada pelo Decreto-Lei n.º 27 058, de 30 de Setembro de 1936.

ARTIGO 3º
São extintas a Mocidade Portuguesa e a Mocidade Portuguesa Feminina, criadas pela Lei n. 1941, de 11 de Abril de 1936, actualizada pelo Decreto-Lei n. 486/71, de 8 de Novembro.

ARTIGO 4º
É extinto o Secretariado para a Juventude, criado pelo Decreto-Lei n.º 446/71, de 25 de Outubro.

ARTIGO 5º
Ficarão na dependência das Forças Armadas e à sua custódia todo o material mecânico, veículos, armamento e munições, mobiliário, livros, papéis de escrituração, documentos e demais elementos afectos à extinta Direcção-Geral de Segurança.

ARTIGO 6º
Passam a ser atribuições da Polícia Judiciária as seguintes:
a) Efectuar a investigação dos crimes contra a segurança interior e exterior do Estado, procedendo a instrução preparatória dos respectivos processos;
b) Realizar a instrução preparatória relativamente às informações do regime legal de passagem das fronteiras e de entrada e permanência de estrangeiros em território nacional.

ARTIGO 7º
Enquanto não for criado serviço próprio, passa a ser atribuição da Guarda Fiscal vigiar e fiscalizar as fronteiras terrestres, marítimas e aéreas.

ARTIGO 8º
Este diploma entra imediatamente em vigor.

Visto e aprovado pela Junta de Salvação Nacional em 25 de Abril de 1974 Publique-se.
O Presidente da Junta de Salvação Nacional, António de Spínola.

Para ser publicado em todos os Boletins Oficiais dos Estados e províncias ultramarinos."

 

 


 

 

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SÁBADO, 25 DE ABRIL DE 2009

Portugal - Cravos - 25 de Abril de 1974

 

http://bomsensoamiguinhos.blogs.sapo.pt/125322.html

 

 

HISTÓRIA DOS CRAVOS DE ABRIL

 

25 DE ABRIL SEMPRE!

A flor que deu o nome à Revolução
«Um cravo oferece-se a qualquer pessoa»

Texto de Isabel Araújo Branco


Todos conhecem os cravos, poucos as mãos de onde saíram. A história mais divulgada sobre o aparecimento dos cravos no 25 de Abril foi protagonizada por Celeste Caeiro.

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