Portugal visto aos olhos dos jornais FT, WSJ e NY Times
Económico
14/07/10 13:20
Imprensa
Portugal
visto aos olhos dos jornais
FT, WSJ e NY Times
Eudora Ribeiro
14/07/10 13:20
Será difícil encontrar um dia em que Portugal tenha direito a tantos caracteres em jornais de referência internacionais.
Por razões diferentes, Portugal tem hoje direito a longos artigos no britânico Financial Times (FT) e nos americanos WSJ e New York Times.
FT: Sócrates, o "optimista inveterado"
O Financial Times dedica hoje seis páginas a Portugal num suplemento especial, que conta com uma entrevista ao primeiro-ministro português José Sócrates.
Escreve o jornal britânico que a campanha portuguesa para acelerar o equilíbrio das contas públicas vai abrandar o crescimento da economia e que Portugal está agora a experienciar "as dores" de fazer parte da união monetária e a sofrer, por contágio, com os efeitos da crise de dívida soberana.
O FT também defende que Portugal tem de fazer mais para acompanhar os pares europeus, no que respeita os resultados escolares. Mas o suplemento também aponta muitos pontos fortes do país.
Além de considerar o primeiro-ministro Sócrates um "optimista inveterado", o FT apresenta Portugal como um país que tem as tecnologias limpas como bandeira do Governo e que quer liderar os países do sul da Europa na modernização dos serviços públicos, combatendo a excessiva burocratização.
"Ao longo dos últimos cinco anos, Portugal tentou substituir a sua burocracia baseada em papéis com serviços online e cara-a-cara tanto para os cidadãos como empresas através do programa Simplex", escreve o FT.
O periódico nota ainda que "Portugal se está a aperceber que tem mais para oferecer aos visitantes do que sol, areia e mar".
WSJ: Austeridade não é novidade em Portugal
O Wall Street Journal escreve, por seu turno, que "Para Portugal, a austeridade não é nada de novo", num comentário ao facto de a agência Moody's ter ontem cortado a notação de Portugal em dois níveis para ‘A1'.
Contudo, o WSJ adianta que "a experiência de Portugal - que inicialmente beneficiou com as vantagens da união monetária mas depois foi um dos países que mais cedo experimentou os problemas decorrentes de estar na zona euro - oferece o que alguns economistas consideram ser um exemplo elucidativo do caminho da recuperação para Espanha, Grécia e outros países", diz o WSJ.
"Há duas décadas, Portugal era considerado uma economia com sucesso", lembra o WSJ. Contudo, depois de aderir ao euro em 1999, a dominante indústria têxtil não foi capaz de aproveitar os empréstimos a baixo custo e um mercado europeu comum para criar as bases de crescimento no longo-prazo, continua o jornal.
NY Times: Portugal Colonial
Já o New York Times diz que "Portugal está a voltar-se para antigas colónias para crescer". "Portugal, uma das economias europeias mais castigadas, está tendencialmente a aumentar as suas esperanças de recuperação em Angola, uma antiga colónia que se tornou uma das mais fortes economias da África subsariana - graças ao petróleo e aos diamantes", diz o NY Times.
O jornal nota também que no Brasil, outra antiga colónia, a concorrência está a ficar mais difícil de gerir, numa altura em que outros antigos parceiros comerciais europeus de longa data, como a Espanha, atravessam "picos de endividamento e uma escalada no desemprego".
Nota o NYTimes que a luta pela Vivo é o mais recente caso dos esforços do Governo português para manter a sua presença no Brasil, travando a investida da espanhola Telefónica para ficar com o controlo da Vivo, isto "apesar de o negócio ter sido aprovado pelos accionistas da PT".
Uma ‘novela' que tem os dias contados e que termina já esta sexta-feira, o ‘deadline' estabelecido pela Telefónica para a PT aceitar a oferta de 7,15 mil milhões de euros pela posição que detém na Vivo, a ‘galinha dos ovos de ouro' da telecom portuguesa, e uma empresa que Sócrates disse repetidamente ser "estratégica e fundamental para o futuro da PT" e para os interesses vitais de Portugal.