SOL
19-JUL-2009
Socorros a náufragos
Câmaras ignoram apoio do ISN
Por Emanuel Costa
Só os municípios de Figueiró dos Vinhos e Penela pediram apoio, este ano, ao Instituto de Socorros a Náufragos (ISN), para preparar a época balnear, revelou ao SOL Nuno Leitão, porta-voz da da instituição, numa notícia publicada esta sexta-feira na edição impressa. Neste domingo houve mais uma vítima
Em Figueiró dos Vinhos, concelho a norte de Leiria, a câmara municipal pediu ao ISN uma auditoria a duas praias fluviais, a das Fragas de São Simão e a de Aldeia Ana de Aviz. Já Penela, no distrito de Coimbra, quis que a praia da Louçaínha fosse integrada no arranque da campanha nacional do ISN, ‘Verão campeão’, de sensibilização para a segurança na prática balnear.
«Nós podemos fazer estas auditorias, formações ou campanhas de sensibilização em qualquer lado. Estamos disponíveis», explica o comandante Nuno Leitão, mas lembra que nas zonas onde o ISN não tem jurisdição, só deverá ou poderá actuar «após pedido».
A jurisdição sobre as praias fluviais portuguesas é complexa e muito dispersa, pois o ISN, instituto dependente da Marinha, só controla as zonas costeiras e as praias dos principais rios: Minho, Douro, Tejo (até Vila Franca de Xira) e Guadiana, que representam cerca de 130 km. As restantes estão sob a tutela das cinco administrações das regiões hidrográficas, do Serviço de Protecção da Natureza, da GNR, e ainda das câmaras municipais. Estas praias podem estar ou não aprovadas pelos Ministérios da Defesa e do Ambiente – 48 foram licenciadas este ano –, mas isso não implica que as recusadas estejam interditas a banhistas.
Por outro lado, o ISN é o órgão regulador que define e apresenta «as regras gerais da prática balnear, costeira ou fluvial», e «a única entidade que forma os nadadores salvadores», destaca Nuno Leitão. O bom funcionamento das zonas de praia fluvial, quer a nível de condições e segurança da água e areal, quer relativamente à existência e qualidade dos apoios de primeiros-socorros, dependem das regras estipuladas pelo ISN. É esta entidade que tem as melhores meios para avaliar todos estes factores.
Uma maior aproximação ao ISN é defendida também pelo vice-presidente do Instituto da Água. Segundo Rocha Afonso, «essa aproximação é fundamental, pelo que as formas de colaboração devem ser aprofundadas face aos acontecimentos que se vão verificando». O mesmo responsável afirma ainda que os concessionários das praias também têm de ser responsabilizados.
Prevenir acima de tudo
Nuno Leitão afirma que a campanha de sensibilização do ISN deste ano terá abrangido 70 mil crianças nas escolas. O patrocínio da operadora móvel Vodafone permitiu também dotar as praias de telemóveis e bóias com um número de emergência. Mas apesar destas campanhas chegarem também a pessoas que frequentam praias fluviais, o porta-voz do ISN recorda que os perigos de uma praia fluvial «são completamente diferentes» . As lamas, os obstáculos escondidos no fundo, a profundidade da água, a pouca flutuação por ser água doce e até a temperatura mais fria da mesma, são características para as quais a sensibilização deve ser feita de forma diferente.
Quanto a nadadores salvadores, este ano o ISN formou mais 2 mil, o que eleva o número total para 6 mil nesta época balnear, embora existam muito poucos nos rios portugueses. Apesar do aumento gradual do número de vigilantes, Nuno Leitão prefere destacar a sensibilização como melhor arma de prevenção de acidentes ou mortes, porque «é humanamente impossível garantir a presença de vigilantes em todo o lado e a segurança passa muito pela atitude e conhecimento das pessoas» .
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Fragas de São Simão
foto retidada da internet