Agência Lusa, Publicado em 21 de Maio de 2009
Portugal
Morreu João Bénard da Costa
“Aos 50 anos, somos velhos para os de 20 ou 30, mas quando chegamos aos 70 ou 80, invejamos os de 50 e lamentamos termo-nos visto com o olhar dos que aí vinham e não com o dos que por lá tinham passado."
João Bénard da Costa
O funeral do director da Cinemateca Portuguesa realiza-se sexta-feira à tarde no Cemitério dos Olivais, em Lisboa
♦
Obras
Livros da Autoria de João Bénard da Costa:
-Os filmes da minha vida, Assírio e Alvim, Lisboa, 1990
- Muito lá de casa, Assírio e Alvim, Lisboa, 1993
- Histórias do Cinema Português, Lisboa, 1991
- Mary Meerson e o cinema como magia, C.P., Lisboa, 1983
- O cinema português nunca existiu, CTT, Lisboa, 1996
- Decifrar o cinema egípcio, C.P., Lisboa, 1997
- O cinema vai ao teatro, C.P., Lisboa, 1996
- O Musical, 1987
Monografias da sua autoria:
- Alfred Hitchcock, 1982
- Luis Buñuel, 1982
- Fritz Lang, 1983
- John Ford, 1983
- Josef Von Sternberg, 1984
- Nicholas Ray, 1984
- Howard Hawks, 1988
Foi um dos fundadores da revista O Tempo e o Modo, em 1963, onde foi chefe de redacção e, mais tarde, se tornou director, entre 1963 e 1970.
♦
Biografia
João Bénard da Costa nasceu em Lisboa a 7 de Fevereiro de 1935.
Durante a instrução primária, frequentou um colégio de freiras e o Lar Educativo João de Deus, tendo concluído o quarto ano em casa com um explicador. No 5º ano passou para o Liceu Camões, onde chumbou dois anos, tendo depois mudado de área e concluído os estudos no Liceu Pedro Nunes.
É licenciado em Ciências Histórico-Filosóficas pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa em 1959, com uma tese intitulada “Do Tema do "Outro" baseada no filósofo francês Emmanuel Mounier.
Após acabar o curso, foi convidado pelo Prof. Delfim Santos para seu Assistente naquela faculdade, mas foi-lhe impedida a carreira universitária por informação desfavorável da P.I.D.E., devido à intensa actividade política que sempre desenvolveu contra o regime.
Ingressou no ensino liceal, tendo sido professor de História e Filosofia no Seminário Menor de Almada, no Externato Frei Luís de Sousa da mesma cidade, no Liceu Camões e no Colégio Moderno, entre 1959 e 1965.
Foi Presidente-Geral da Juventude Universitária Católica (1957/1958) e trabalhou como dirigente cineclubista num clube de cinema universitário, de 1957 a 1960.
Foi bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian entre 1960 e 1963, para poder continuar os estudos, e ter mais acesso a mais informação, nomeadamente à biblioteca particular de Emannuel Mounier, filósofo francês sobre o qual realizou a sua tese de doutoramento.
Em 1963 foi um dos fundadores da Revista “O Tempo e o Modo”, de que foi chefe de redacção (e onde colaborou com nomes como Pedro Támen, Salgado Zenha, Nuno Bragança) enquanto António Alçada Baptista esteve na revista e, depois, director após a retirada deste da revista, entre 1963 e 1970.
De 1964 e 1966, foi investigador no Centro de Investigação Pedagógica da Fundação Calouste Gulbenkian e de 1966 a 1974 foi secretário executivo da Comissão Portuguesa da Associação Internacional para a Liberdade da Cultura.
Em 1969 assumiu funções como responsável pelo Sector de Cinema do Serviço de Belas-Artes da Fundação Calouste Gulbenkian, ao tempo da criação deste sector. Exerceu essas funções até 1991.
De 1973 a 1980, voltou ao ensino como Professor de História do Cinema da Escola Superior de Cinema do Conservatório Nacional.
Em 1980, foi nomeado subdirector da Cinemateca Portuguesa, de que actualmente, e desde 1991, é director.
Entre 1990 e 1995, foi presidente da Comissão de Programação da Federação Internacional de Arquivos de Filmes (FIAF). Em 2000 foi responsável pelo capítulo cinema português da enciclopédia Einaudi, incluído na História do Cinema Mundial, coordenada por Gian-Piero Brunetta, e colaborou ainda com ensaios sobre o cinema português em obras colectivas sobre a arte do século XX, editadas pelo Centro Nacional de Cultura (1998) ou pelo AR.CO (1999).
Em 1997, foi nomeado pelo Presidente da República (Jorge Sampaio), presidente da comissão do Dia de Portugal de Camões e das Comunidades Portuguesas, cargo que continua a ocupar até ao presente.
Possui as comendas de Officier des Arts et des Lettres de França e a Ordem do Infante D. Henrique, com que foi agraciado pelo Presidente Mário Soares em 1990. Em 1995, a Universidade de Coimbra concedeu-lhe o Prémio de Estudos Filmicos, por ocasião da primeira atribuição deste prémio. O Prémio Pessoa em 2001 foi a sua mais recente distinção.
Fonte:
www.escamoes.pt/alunoscomotu/ALUNOS_COMO_TU/alunos_como_tu/Joaocosta/Audiovisuais.htm