Mundo Muçulmano em Protestos e Confrontos pela Mudança
Revolta no Mundo Muçulmano
Protestos e confrontos pela mudança
Diário Digital / Lusa
sexta-feira,
18-Fev-2011
18:27
Vaga de contestação
A vaga de contestação social e política sem precedentes em países muçulmanos continua a marcar a atualidade internacional.
Milhares de pessoas estão a sair à rua para contestar regimes autoritários e reivindicar reformas políticas e sociais, mas os relatos de repressão, em alguns casos com derramamento de sangue, são cada vez mais frequentes.
Principais protestos e factos ocorridos nos últimos dias e previstos para esta semana:
Argélia:
- A Coordenadora Nacional para a Mudança e Democracia (CNCD), a principal frente da oposição argelina, continua determinada em sair à rua este sábado, numa nova grande manifestação, para exigir a mudança do regime argelino.
O primeiro-ministro argelino Ahmed Ouyahia assumiu nos últimos dias o compromisso de tomar medidas necessárias para responder às reivindicações dos argelinos, bem como suspender o estado de emergência no país até ao final deste mês.
No sábado passado, várias centenas de manifestantes concentraram-se em Argel para reivindicar uma "mudança de sistema", mas a ação de protesto foi impedida pela polícia. Cerca de 400 pessoas foram detidas.
Bahrein:
- Várias centenas de pessoas assistiram hoje ao funeral de uma das vítimas da repressão do movimento reformista. Durante as cerimónias fúnebres, as pessoas gritaram frases contra a monarquia sunita que governa o país.
Pelo menos três pessoas morreram e mais de 200 ficaram feridas nos confrontos, que ficaram marcados pela presença de tanques do exército.
Os protestos iniciaram-se esta semana em prol de reformas políticas, mas parece estarem a tornar-se numa tentativa dos xiitas de derrubarem a liderança sunita.
Egipto:
- Uma semana depois da renúncia do Presidente Hosni Mubarak, milhares de pessoas regressaram à praça Tahrir, o epicentro da revolta popular, para celebrar a queda do regime e manter a pressão sobre as Forças Armadas, que tomaram as rédeas do poder.
Nos últimos dias, o país tem sido afetado por greves, paralisações e concentrações, tanto no sector público como no privado. Os trabalhadores egípcios exigem aumentos salariais e melhoria das condições de trabalho.
Líbia:
- Pelo menos 14 pessoas foram mortas na quinta-feira em confrontos entre forças de segurança e manifestantes anti-regime em Benghazi, a segunda maior cidade da Líbia, segundo um balanço fornecido por fontes médicas locais.
A organização norte-americana Human Rights Watch afirmou hoje que pelo menos 24 pessoas morreram nos confrontos, das quais oito em Benghazi.
Os protestos na Líbia começaram na terça-feira, existindo relatos de confrontos, detenções e destruição de edifícios estatais.
Marrocos:
- Um grupo de jovens marroquinos está a convocar através da rede social Facebook uma "manifestação pacífica" para 20 de fevereiro para reclamar "uma ampla reforma política" no país magrebino.
"Apelamos a todos os marroquinos para se manifestarem em 20 de fevereiro pela dignidade do povo e por reformas democráticas", indica a "plataforma" presente na rede social, que também sugere uma reforma da Constituição, a demissão do atual Governo e a dissolução do Parlamento.
Irão:
- Milhares de pessoas concentraram-se hoje na Universidade de Teerão para exigir a morte dos líderes da oposição ao regime, antes da oração semanal e de uma grande manifestação de "ódio e ira" contra os dois opositores.
Mir Hossein Mussavi e Mehdi Karubi estão sob vigilância policial há vários dias, depois de terem convocado uma manifestação ilegal contra o regime. Duas pessoas morreram e várias ficaram feridas nesse protesto.
Iraque:
- Dois jovens morreram durante uma manifestação contra o governo regional do Curdistão iraquiano, realizada na quinta-feira.
Na mesma região, em duas cidades controladas pelas forças do Presidente Massoud Barzani, os escritórios de dissidentes foram pilhados e destruídos.
Tunísia:
- O ex-Presidente Zine El Abidine Ben Ali, 74 anos, que fugiu da Tunísia a 14 de janeiro, está internado e "em coma" num hospital em Jeddah, Arábia Saudita, depois de ter sofrido um acidente vascular cerebral.
Ben Ali, que esteve no poder durante 23 anos, não resistiu a um movimento de contestação sem precedentes no país durante quase um mês.
Iémen:
- Três pessoas morreram e 19 ficaram feridas durante violentos confrontos ocorridos na quinta-feira entre manifestantes e elementos das forças de segurança em Aden, a principal cidade do sul do país.
Os manifestantes envolveram-se em confrontos com a polícia, que disparou para dispersar os milhares de pessoas que exigiam a demissão do Presidente Ali Abdallah Saleh.
Omã:
- Perto de três centenas de pessoas manifestaram-se hoje no centro de Mascate de forma pacífica, para reivindicar aumentos salariais e reformas políticas.
Este é o segundo protesto de carácter político e social realizado naquele país no espaço de um mês.
Jordânia:
- Pelo menos oito pessoas ficaram feridas durante uma manifestação que hoje reuniu várias centenas de jovens em Amã, capital da Jordânia, segundo uma fonte médica e várias testemunhas locais.
Os manifestantes, que reivindicavam reformas políticas, foram alvo de um ataque por parte de um grupo de apoiantes do Governo e alguns acabaram por sofrer ferimentos, de acordo com as mesmas fontes.
Diário Digital / Lusa