RTP
Domingo, 15 de Fevereiro 2009
G7
volta a apelar a estratégia global e
reforço do sistema bancário
Mario de Renzis/EPA
A reunião de Roma do G7 foi desenhada como uma etapa preparatória da cimeira do G20, marcada para início de Abril em Londres
O G7 comprometeu-se no comunicado final da cimeira de Roma trabalhar em conjunto para apoiar o crescimento e o emprego e investir num reforço do sistema bancário mundial. O agravamento da crise mundial, responsável pela escalada do desemprego e reflexos proteccionistas, foi o ponto central da agenda dos ministros das Finanças dos sete países mais industrializados do Mundo, reunidos durante dois dias na capital italiana para definir linhas comuns de acção face à actual conjuntura.
"As economias desenvolvidas estão em forte recessão e não há sinais visíveis sobre a eventualidade de em 2009 poder vir melhorar", alertava na véspera Dominique Strauss-Kahn, director-geral do FMI.
No final dos trabalhos, os responsáveis das Finanças dos países mais ricos fizeram eco das palavras do chefe do Fundo Monetário e voltaram a insistir na prossecução de uma estratégia global face à crise internacional.
Nesse sentido, a reunião de Roma do G7, desenhada como uma etapa preparatória antes da cimeira do G20, marcada para início de Abril em Londres, sublinhou a necessidade de um consenso no encontro que sentará à mesa os países ricos e as principais economias emergentes em busca das grandes linhas para reformar o sistema financeiro internacional.
Declaração final sublinha curva descendente em 2009
Com a promessa deixada no ar para uma estratégia conjunta de apoio ao crescimento, à criação de emprego e ao reforço do sistema bancário, a declaração final da reunião de Roma não esconde que a situação económica deverá continuar a desenhar-se numa linha descendente durante grande parte deste ano.
"A estabilização da economia global e dos mercados financeiros continua a ser a nossa mais alta prioridade", sublinha a declaração dos mais altos responsáveis das Finanças do G7, que acrescentam uma advertência para a tentação de cada país pôr em prática medidas proteccionistas que colocarão em perigo as economias dos países em desenvolvimento e levará, consequentemente, a que sejam as pessoas mais pobres os principais alvos da crise mundial.
Seria também nesse sentido que, na senda de um duro comunicado emitido pelo G7 no Outono, o grupo lançou um apelo à China para que permita a valorização da sua moeda de forma a amenizar os desequilíbrios comerciais internacionais.
Prioridade para o reforço do sistema bancário internacional
O comunicado desta reunião, que marca a estreia internacional do novo secretário do Tesouro dos EUA, Timothy Geithner, apoia ainda os esforços de recapitalização dos bancos levado a cabo pelas autoridades britânicas e norte-americanas no sentido de reforçar o sistema bancário.
O G7 adverte também que deve ser encontrada uma forma de lidar com os activos tóxicos dos bancos, sem contudo indicar qualquer solução para o problema.
A criação de uma estrutura que pudesse absorver os activos tóxicos dos bancos seria "a solução mais simples entre as várias soluções técnicas" para o problema, afirmou Dominique Strauss-Kahn, director do FMI, depois de o fundo monetário ter definido como uma prioridade estas preocupações com o sistema bancário global.
"Deve explicar-se que é preciso voltar a pôr de pé um sector financeiro que funcione, não certamente para salvar os accionistas mas porque a economia moderna precisa de um sector financeiro que funcione", declarou Strauss-Kahn, para deixar um aviso: "Os bancos que não são viáveis deverão ser tomados por outros ou encerrados".
Paulo Alexandre Amaral, RTP
2009-02-14 17:36:41