Professor Marcelo: "Grécia fez um mau serviço à Europa e a Portugal"
Marcelo
"Grécia fez um mau serviço à Europa e a Portugal"
Económico com Lusa
03/11/11 19:38
Marcelo Rebelo de Sousa disse hoje que a "imprevisibilidade" na Grécia presta "um mau serviço" à Europa, sendo "preocupante" para Portugal.
"Isto visto de fora, fora da Europa, fora da Grécia e dentro da zona euro, dá uma sensação de insegurança. Como é que se pode acreditar em governantes, não digo no povo grego, tão imprevisíveis e que criam tanta insegurança", questionou à Lusa Marcelo Rebelo de Sousa.
"Nesse sentido, a Grécia fez um mau serviço para a Europa, um mau serviço ao euro, um mau serviço para países como Portugal", sublinhou, ressalvando sempre estar a referir-se aos governantes e não ao povo grego.
O antigo presidente do PSD e comentador político considerou que a situação na Grécia é "preocupante" para Portugal, que está "no mesmo clube" dos países que estão comprometidos com um programa de assistência financeira.
"Quem está no mesmo barco acaba por sofrer as consequências do comportamento alheio. Nós não temos nada a ver com aquilo que fazem os governantes gregos no sentido em que não temos influencia nenhuma mas sofremos as consequências daquela instabilidade", sustentou.
Para Marcelo Rebelo de Sousa, o anúncio do referendo, que poderá não se realizar, é "apenas a confirmação da imprevisibilidade da política grega".
"Tão depressa fazem referendo como não fazem referendo, tão depressa se comprometem sem um referendo como decidem um referendo, tão depressa falam em referendo como falam em eleições, tão depressa falam em eleições como falam em Governo de união nacional", argumentou.
O professor de Direito viu no anúncio do chefe de Estado grego de que iria realizar um referendo "mais um grito de salve-se quem puder de um primeiro-ministro e de um Governo, mais do que de um país".
"Se era para ser uma afirmação de soberania, devia ter sido feito na cimeira. Isso é que é boa fé, dizer que não se poderiam comprometer sem um referendo, uma votação. Não é fechar o acordo, chegar a Atenas e dizer-se uma coisa que não se teve coragem de dizer em Bruxelas", defendeu.
O primeiro-ministro grego, Georges Papandreou, anunciou hoje a abertura de negociações com a Nova Democracia (oposição de direita) para um governo de coligação e para evitar a falência e a saída do euro.
Papandreou mantém a recusa de eleições antecipadas, reclamadas pela direita e disse mesmo que seriam "uma catástrofe". Também reafirmou que não se demite, quando os 'media' gregos dizem que Samaras reclama a sua saída.
O gabinete de Papandreou confirmou que o primeiro-ministro falou ao telefone com Samaras durante a tarde.
Perante o grupo parlamentar do PASOK, o partido socialista grego, Papandreou salientou que o "desafio agora para a Grécia é pôr em prática" o plano da União Europeia contra a crise aprovado em Bruxelas a 27 de Outubro.